Uma Praça em Antuérpia | Review

Uma Praça em Antuérpia - Luize Valente

Uma praça em Antuérpia narra a incrível história de Clarice. O primeiro dia do ano de 2000 traria a tona lembranças de uma vida há muito esquecida. Do Rio de Janeiro, voltamos para o Norte de Portugal, no ano de 1916. Clarice e Olívia vinha ao mundo, sua mãe morrera no parto das gêmeas. O pai, por amar demais Josefina, a mãe das crianças, culpara os bebês pela morte da amada. E assim Clarice e Olívia cresceram, sem o amor do pai, mas com o amor da avó e da criada Lina que ficou no papel de mãe. Depois da morte do pai, a avó é que toma conta da quinta da família. O filho de Lina, que foi como um filho para Manuel, não quis tomar a frente do negócio do falecido. Viajara para Lisboa, só voltando para o enterro de sua mãe e para se casar com Olívia. Juntos, foram viver na capital. Só voltariam para enterrar a avó e levar Clarice para viver com eles, pois Antonio prosperava com sua venda na frente de casa. É lá que Clarice conhece Theodor, foi amor a primeira vista. Mas, por ser comunista, o pianista e judeu teve que fugir do governo autoritário de Salazar, deixando Clarice chorando amargamente. Depois de algum tempo sem dar notícia, Clarice descobre que está grávida de Theodor. Um dia, recebe uma carta dele dizendo que era para ela se esquecer dele. Grávida, Clarice parte para Guarda, para ter o bebê por lá e também para não ser mal falada na cidade. Theodor descobre ao voltar para Lisboa que Clarice está gravida, e parte para se encontrar com a mãe de seu filho e levá-la para a Bélgica. Iriam construir uma família em Antuérpia, uma cidade de lapidadores e de judeus. Sempre com o temor de uma nova guerra ser declarada, a família Zuskinder fora feliz em Antuérpia, com o nascimento do filho e uma vida sem preocupações. Até aquele momento. O terceiro Reich estava ocupando cidades vizinhas, o nazismo era um rolo compressor que estava passando por toda a Europa. E por ser judeu, Theodor fica preocupado com a expansão do Führer, e teme pelo pior. Até Antuérpia ser bombardeada. Aí começa a fuga por várias cidades, o perigo à espreita, o medo de ser pegos pelos nazistas e serem deportados para campos de concentração.

Uma leitura eletrizante. Sofremos com todos aqueles dilemas da família Zuskinder. Clarice grávida, Bernardo com três anos, e Theodor na figura de um pai que é capaz de tudo para salvar a família da guerra, eles passam por tantas situações humilhantes, aterrorizantes… Os capítulos curtos faz com que a leitura ganhe um ritmo mais acelerado. Através das páginas amareladas, revivi esse episódio tão terrível da história mundial. A Segunda Guerra é retratada de uma forma impressionante.

Um romance histórico emocionante! Fiquei sem fôlego com todos os detalhes sobre aquela guerra que dizimou milhões de vidas, a miudeza dos detalhes, a emoção que nos é transmitida pelos personagens. A construção de uma personagem aparentemente frágil, mas que se mostra muito forte, uma mulher guerreira, por passar tantas coisas que passou e ainda permanecer de pé, e ao mesmo tempo sem deixar de ser cativante e e dotada de sentimentos também me surpreendeu. Foram momentos de angústia pelos judeus e todos aqueles que sofreram, aflição com a fuga dos Zuskinder que parecia não ter fim, raiva por existir pessoas tão cruéis como Hitler, que com sua mente doentia espalhou o câncer nazista. Nunca li um romance tão bem escrito como este, não sei se pelo fato de ser histórico, já que amo história, ou pelo simples fato de Luize Valente ser uma incrível escritora, retratando toda a sua humanidade, sua essência…

Esqueçam todos esses romancezinhos água com açúcar. Uma praça em Antuérpia é o Romance. Se você gosta de uma literatura rica em detalhes, com uma carga elevada de criatividade, esse é o livro que recomendo. Poucos livros me fazem chorar, e ao final da leitura, lágrimas caíram dos meus olhos. O design do livro é lindo, a diagramação impecável. Tentei procurar algum ponto negativo, mas não encontrei. Preciso ler mais Luize Valente.

Mais informações:

Título: Uma Praça em Antuérpia

Autor: Luize Valente

Páginas: 364

Editora: Record

Avaliação: ★★★★★ 

Sinopse: Uma Praça em Antuérpia – Após sua estreia literária com O segredo do oratório, sucesso de público e crítica, Luize Valente volta a mergulhar, de maneira ainda mais surpreendente, na história de uma família de migrantes em Uma praça em Antuérpia. Com domínio da narrativa, que vai e volta do ano-novo de 2000 em Copacabana para os anos da eclosão da Segunda Guerra na Europa, Luize reconstitui a desgraça imposta pelo nazismo aos judeus, razão pela qual muitos deles viriam fazer a vida no Brasil. 

Reunindo sensibilidade pelo drama humano e extensa pesquisa histórica, Luize retrata a chaga do nazismo na miudeza do cotidiano, na intimidade das famílias alemães e europeias, com bárbaros desdobramentos em Portugal, no lar de Clarice e Olivia, de onde a narrativa parte para ganhar o mundo e o Brasil. Acompanhamos a fuga de Clarice e seu marido, o pianista judeu Theodor, por grande parte da Europa, sempre um passo à frente da perseguição nazista, fuga que leva parte da família a cruzar o oceano. Como se não bastasse essa narrativa de tirar o fôlego, Luize presenteia o leitor com um final emocionante e totalmente inesperado.

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2 respostas para Uma Praça em Antuérpia | Review

  1. Tati Castro disse:

    Adoro ler resenha sobre livros que nunca ouvi falar… obrigada pela resenha!

    SUA ESTANTE

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